Três meses após seca severa, município do AC decreta emergência retroativa; entenda
06/11/2025
(Foto: Reprodução) Decreto prevê recursos para ações que visem amenizar os efeitos da estiagem à população
Três meses após uma seca severa, a prefeitura de Feijó, no interior do Acre, publicou um decreto retroativo a agosto que declara situação emergência no município. O documento foi divulgado no Diário Oficial do Estado (DOE) desta quinta-feira (6).
Segundo o coordenador da Defesa Civil Municipal Adriano Souza, o município fez um plano de trabalho no qual foi possível aprovar pouco mais de R$ 1 milhão em recursos federais que serão utilizados na assistência das famílias afetadas pela seca.
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"O recurso será usado em assistência às famílias dos ramais, BR-364, Alto e Baixo Envira. Vamos distribuir mais de 4 mil cestas básicas até o final do ano", disse.
De acordo com o decreto, alguns pontos do Rio Envira chegaram a registrar 1,5 metro em agosto, impossibilitando a navegação de barcos que abastecem as comunidades locais. Já neste início do mês de novembro, o cenário já é bem diferente do período de estiagem.
"O nível do rio [Envira], hoje, está dentro da normalidade em relação à seca. O período de estiagem, onde forma cachoeiras no rio, está ultrapassado. Há bastante chuva, permitindo assim, boa navegação", completou o coordenador.
Ainda de acordo com Souza, a publicação levou três meses para ser feita por conta de questões burocráticas, mas a Secretaria Nacional de Defesa Civil já liberou o recurso.
"Apesar da burocracia para o recurso ser liberado, demos toda a assistência para as comunidades mais afetadas. Nesse período, fizemos a distribuição de água potável e insumos", afirmou o coordenador.
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Ao g1, o prefeito do município, Railson Ferreira (Republicanos), ponderou que o valor recebido é significativo, entretanto, não é capaz de resolver totalmente o problema da escassez de água.
"Precisamos de uma política pública que traga poços artesianos para atender sobretudo as comunidades rurais e mais isoladas. Pela crise hídrica, as pessoas não tinham água nem pro banho, nem pra tomar, e isso, mesmo estando na Amazônia", disse.
Prefeitura de Feijó publicou um decreto retroativo a agosto, que reconhece emergência devido a seca
Defesa Civil
Alto desmatamento
Segundo uma pesquisa feita em novembro, pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon, Feijó está no ranking dos 10 municípios que mais desmataram na Amazônia entre agosto de 2024 e julho deste ano segundo o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do instituto.
O levantamento mostrou que a cidade teve 78 km² de área desmatada, o equivalente a, aproximadamente, 7.222 campos de futebol. A terra do açaí, como é conhecida, ocupa a sétima posição à frente de Itaituba, no Pará, com 67 km², e União do Sul, no Mato Grosso, com 65 km².
Já em agosto, o governo do Acre sancionou, um decreto que colocou o Acre em situação de emergência por causa da seca nos rios que cortam o estado. A publicação foi feita em edição extra do Diário Oficial do Estado (DOE) e assinado pelo governador Gladson Camelí.
Com a estiagem, o estado enfrenta temperaturas elevadas, baixo percentual de umidade relativa do ar e outros efeitos da seca severa, como as ocorrência de queimadas descontroladas e principalmente os incêndios florestais.
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