Manifestantes pedem fim do feminicídio e da violência contra mulher em ato no Centro do Recife
07/12/2025
(Foto: Reprodução) No Recife, mulheres participam de mobilização nacional contra feminicídio
Everaldo Silva/TV Globo
Neste domingo (7), milhares de mulheres se uniram à mobilização nacional “Mulheres Vivas” pelo fim da violência e feminicídio. Com concentração marcada para as 14h, em frente ao colégio Ginásio Pernambucano, na Rua da Aurora, área Central do Recife, o grupo saiu em caminhada por volta das 16h pelas ruas do bairro da Boa Vista em direção ao Marco Zero, no Bairro do Recife.
De acordo com a organização, cerca de cinco mil pessoas participaram da caminhada na capital pernambucana. O ato acontece uma semana depois do feminicídio de uma mulher queimada com os seus filhos no bairro da Caxangá pelo ex-companheiro. O pai das crianças foi preso em flagrante.
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Com cartazes, faixas e camisetas, coletivos, movimentos sociais e organizações da sociedade civil cobraram a responsabilização dos agressores e o fortalecimento das políticas públicas de combate à violência de gênero.
A policial militar aposentada, Aglany Almeida, que participou do ato no Recife, traz na sua história a vivência de crescer em um lar presenciando violência doméstica.
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"Quem se omite em um ato de violência, está do lado do agressor. É um pensamento que eu tenho para tudo. Inclusive, se eu vejo uma mulher sofrendo uma violência e eu não tento defendê-la, não tento ajudá-la, eu estou tomando o lado de quem está agredindo. Quando a gente não se engaja numa luta, quando a gente não fala sobre isso, quando a gente não se posiciona, a gente está ignorando e omitindo, a gente está fazendo com o que aquilo não aconteça. E isso [violência doméstica] acontece todos os dias", contou.
Aglany também falou sobre os diversos casos recentes de violência contra a mulher divulgados nacionalmente, inclusive o da morte de Isabele Gomes de Macedo, de 40 anos, e seus quatro filhos na comunidade Icauã, no Recife,
"É doloroso ver isso e é mais doloroso o silêncio dos órgãos, das classes que estão para nos representar, dos órgãos de defesa, dos governos como um todo, dos homens, dos filhos, dos colegas de trabalho (...) O espancamento, a violência física, é o extremo, mas a gente escuta todos os dias uma piada, um comentário", disse.
A defensora pública do Cabo de Santo Agostinho, no Grande Recife, Eloisa Helena, alertou também sobre os casos de violência acontecerem dentro de casa e a importância das mulheres denunciarem a violência.
"Esses crimes normalmente acontecem as escondidas, no lar, onde deveria ser um local de proteção para as mulheres, então, por isso, é tão importante a gente denunciar, as mulheres não podem ter medo, tem que efetivamente procurar auxílio nas instituições públicas e também nos amigos, nos vizinhos, nos parentes, por isso que tem que ser um chamado de toda a sociedade", contou.
Atendimento para mulheres vítimas de violência
No Recife, mulheres vítimas de violência podem receber acolhimento, atendimento multidisciplinar e orientações de profissionais especializados nos seguintes locais:
Centro de Referência Clarice Lispector: Rua Doutor Silva Ferreira, 122, Santo Amaro (atendimento 24 horas);
Serviço Especializado e Regionalizado (SER) Clarice Lispector: Avenida Recife, 700, Areias (atendimento de segunda a domingo, das 7h às 19h);
Salas da Mulher em cinco unidades do Compaz — Eduardo Campos (Alto Santa Terezinha), Ariano Suassuna (Cordeiro), Dom Hélder Câmara (Coque) e Paulo Freire (Ibura).
Além disso, existe um Plantão WhatsApp, com funcionamento 24 horas, no número (81) 99488-6138.
Saiba como denunciar
Em Pernambuco, as denúncias de violência contra mulher podem ser feitas através do telefone 180, da Central de Atendimento à Mulher, que funciona 24 horas por dia, inclusive aos finais de semana e feriados;
A Polícia Militar pode ser contatada pelo 190, quando o crime estiver acontecendo;
Também é possível, no Grande Recife, fazer denúncias pelo Disque-Denúncia da Polícia Civil, no número (81) 3421-9595;
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) também pode ser acionado de segunda a sexta-feira, das 12h às 18h, através de uma ligação gratuita para o número 0800.281.9455;
Outra opção é a Ouvidoria da Mulher de Pernambuco, que funciona pelo telefone 0800.281.8187;
Os endereços e telefones das Delegacias da Mulher podem ser consultados no site do TJPE.
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