Glauber Braga toma cadeira da presidência da Câmara; em decisão inédita, sinal de transmissão é cortado e imprensa é retirada do plenário
09/12/2025
(Foto: Reprodução) Deputado Glauber Braga é retirado à força da cadeira da presidência da Câmara
O deputado Glauber Braga, do PSOL, tomou nesta terça-feira (9) a cadeira da Presidência da Câmara dos Deputados e se recusou a sair. Em uma decisão inédita, a Casa decidiu então cortar o sinal da transmissão pela TV e a Polícia Legislativa retirou a imprensa do plenário. Mas celulares registraram o que aconteceu depois.
As imagens são de deputados que estavam no plenário. Era início da noite quando a Polícia Legislativa se aproximou da Mesa Diretora, cercou o deputado Glauber Braga, do PSOL, para convencê-lo a deixar a cadeira da Presidência. Parlamentares aliados acompanhavam a conversa, quando os policiais avançaram sobre o deputado. Glauber Braga tentava se desvencilhar, enquanto deputados aliados buscavam impedir as agressões. Durante a confusão, a deputada Célia Xakriabá, também do PSOL, chegou a cair. Foram mais de dois minutos até que a Polícia Legislativa retirou Glauber à força da cadeira da Presidência. O terno do deputado rasgou, enquanto os colegas tentavam acalmá-lo.
A confusão foi o estopim de um protesto que havia começado horas antes. Por volta das 15h30, o deputado Glauber Braga, do PSOL, se sentou na cadeira da Presidência da Câmara. Conduziu a sessão normalmente, chamando outros deputados para discursar. Ele chegou a se levantar, até que pouco depois das 16h voltou, ocupou novamente a cadeira e anunciou que não sairia mais. Um protesto, segundo ele, ao andamento dado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos, ao processo de cassação do mandato dele, marcado para quarta-feira (10). Ao fazer isso, Glauber Braga desrespeitou o regimento interno da Câmara dos Deputados.
Durante as duas horas em que ocupou a Mesa Diretora, Glauber Braga disse que não sairia do local até o fim do processo contra ele e criticou o presidente da Câmara:
“Eu vou me manter aqui firme, até o final dessa história. Se o presidente da Câmara dos Deputados quiser tomar uma atitude diferente da que ele tomou com os golpistas que ocuparam essa Mesa Diretora e que até hoje não tiveram qualquer punição, essa é uma responsabilidade dele. Eu aqui ficarei até o limite das minhas forças, até o limite das minhas forças”.
Glauber Braga ocupa cadeira da presidência da Câmara
Jornal Nacional/ Reprodução
Em agosto, parlamentares de oposição ao governo também ocuparam ilegalmente a Mesa Diretora. Eles queriam impor a discussão de projetos de interesse do grupo. Depois de dois dias, desocuparam o local sem o uso da força.
Nesta terça-feira (9), minutos após Glauber Braga falar na Mesa, a Polícia Legislativa começou a retirar a imprensa do plenário - algo inusitado no dia a dia do Congresso - e o sinal da TV Câmara foi cortado, impedindo que os jornalistas acompanhassem o que acontecia no local.
“Por enquanto, o acesso à Câmara dos Deputados continua fechado, e a imprensa não pode mostrar o que está acontecendo lá dentro nesse exato momento”, relata a repórter Zileide Silva.
A assessoria da Presidência da Câmara afirmou que a ordem partiu de Hugo Motta. Mais tarde, recuou: disse que não houve ordem do presidente e que as medidas faziam parte de um protocolo.
Glauber Braga, do PSOL, é retirado à força da Mesa Diretora da Câmara
Jornal Nacional/ Reprodução
O repórter cinematográfico Walter Rocha, que estava na galeria do plenário, conseguiu fazer imagens da Mesa Diretora após a saída da imprensa, até que também foi retirado pela polícia.
“Nós estamos tentando chegar o mais próximo possível aqui do plenário, do acesso à Câmara dos Deputados. Mas como vocês podem ver, parlamentares, jornalistas e assessores continuam do lado de fora esperando alguma decisão, alguma informação por parte do presidente da Câmara, Hugo Motta, se ele vai ou não liberar o acesso à Câmara dos Deputados”, relata Zileide Silva.
Depois de ser retirado à força da Mesa, Glauber Braga deixou o plenário, que seguia fechado para a imprensa. Mais confusão: seguranças e policiais legislativos empurraram jornalistas que tentavam fazer imagens.
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