Cidade paranaense destruída por tornado liderou desmatamento da Mata Atlântica no Brasil por três décadas, indica levantamento

  • 18/12/2025
(Foto: Reprodução)
Cidade do PR destruída por tornado liderou desmatamento da Mata Atlântica por três décadas A cidade de Rio Bonito do Iguaçu, no Centro do Paraná, vem perdendo floresta há anos e liderou o desmatamento da Mata Atlântica no Brasil entre 1985 e 2000, segundo o MapBiomas, sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento. Nesse período, foram removidos 24,9 mil hectares de mata – área maior que a metade de Curitiba – e, entre 2000 e 2024, outros 497 hectares desapareceram, o equivalente a quase 800 campos de futebol. Assista acima. Rio Bonito do Iguaçu ficou 90% destruída após ser atingida por um tornado F4 em há pouco mais de um mês, em 7 de novembro. Sete pessoas morreram e centenas ficaram feridas. À época, um especialista ouvido pelo g1 alertou que, sem florestas, as cidades ficam mais vulneráveis a eventos climáticos extremos, como tornados. ✅ Siga o g1 Foz do Iguaçu no WhatsApp Imagens de satélite mostram a rápida transformação da paisagem na cidade paranaense. Em 1984, uma extensa área de floresta cobria a margem direita do Rio Iguaçu no município. Hoje, restam apenas fragmentos em topos de morro e faixas estreitas ao longo de rios. De um lado, em 1985, a região de Rio Bonito do Iguaçu mantinha uma área grande de floresta. Do outro, em 2020, é possível notar que praticamente toda a área vende foi desmatada. Google Earth Outro dado chama a atenção na cidade, que tem pouco mais de 13 mil habitantes. Segundo a ONG brasileira SOS Mata Atlântica, Rio Bonito do Iguaçu perdeu cerca de 60% da vegetação nativa nas últimas três décadas. Segundo Luís Fernando Guedes, representante da ONG, a região concentra, a perda da cobertura florestal reduz a capacidade de absorver a energia dos ventos. “Historicamente, o estado aparece entre os líderes do desmatamento do bioma. Uma região com menos floresta fica mais sujeito ao impacto de eventos extremos. Se houvesse mais cobertura florestal, a energia do tornado poderia ser dissipada e os impactos seriam menores”, afirma. Rio Bonito do Iguaçu (PR), após o tornado de 7 de novembro Henrique Cabral Leia também: Recuperação: Advogada que salvou família de incêndio acorda e se comunica Barracão: Empresa é destruída por incêndio no Paraná dias antes da inauguração Bombou no g1: Zeladora passa dias recusando ligações até descobrir que era aviso de prêmio Florestas como barreiras contra desastres climáticos O climatologista Francisco Mendonça, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), afirma que o tornado na região foi resultado de fenômenos climáticos que têm se tornado mais frequentes e intensos no estado. Para ele, o avanço do desmatamento e o aquecimento das águas do oceano eliminam o anteparo natural contra os ventos fortes, o que deixa as cidades mais vulneráveis. "As matas são o anteparo natural contra a força dos ventos. Sem elas, os fenômenos se formam mais rápido, mais fortes e chegam às cidades [...] Os ventos se formam naturalmente, mas ganham força em uma paisagem cada vez mais desprotegida", afirma. O climatologista explica que eventos como o tornado do último mês ocorreram em outras épocas, mas estão se tornando mais comuns e intensos com o aquecimento do planeta. "Esses fenômenos sempre aconteceram em regiões tropicais e subtropicais, mas agora ocorrem com muito mais frequência. O ano passado foi um dos mais quentes da história da Terra, e este também está sendo. As águas do oceano se aquecem e injetam mais vapor no ar, o que torna a atmosfera mais turbulenta", diz. Segundo estudos da pesquisadora Maria Cristina Pietrovski, de 2018 a 2023, a região Sul registrou 92 tornados – a maior ocorrência em comparação com as outras regiões do país. No período, 17 deles foram no Paraná. Paraná já registrou a passagem de outros tornados antes de Rio Bonito do Iguaçu. RPC Anos antes do período analisado, outros eventos similares também causaram grandes problemas no estado, entre eles, um evento registrado em 1997, em Nova Laranjeiras, provocou quatro mortes e 72 feridos. Um dos episódios mais recentes foi em Marechal Cândido Rondon, no oeste, em novembro de 2015. Segundo o Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), os ventos ultrapassaram 115 quilômetros por hora. Cidades precisam se tornar resilientes Aumento de eventos climáticos extremos exigem novo modelo de construções Além da reflexão sobre o desmatamento na região, a destruição em Rio Bonito do Iguaçu provoca o debate sobre o conceito de cidades resilientes, que são municípios preparados para enfrentar e se recuperar de desastres climáticos. Para Eduardo Gomes Pinheiro, pesquisador da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), o planejamento urbano ainda ignora essa necessidade. “A resiliência atravessa todas as etapas do ciclo de desastres, a prevenção, mitigação, preparação, resposta e recuperação, e deve orientar o planejamento urbano como um todo”, diz ele. Entenda: Aumento de eventos climáticos extremos no PR exige novo modelo de construções Pinheiro diz que obras públicas, por exemplo, devem considerar se reduzem ou ampliam vulnerabilidades. "Como esse tipo de raciocínio costuma ficar fora das práticas administrativas, cidades seguem sendo construídas sem infraestrutura adequada, o que intensifica perdas humanas, destruição de patrimônio, impactos na economia local e até interrupções no calendário escolar", afrma. Segundo a Defesa Civil, mais de mil moradores ficaram desabrigados após o tornado. O Governo do Paraná iniciou a construção emergencial de 320 casas pré-fabricadas. Destas, 200 serão erguidas nos terrenos atingidos e 120 em um novo bairro. As obras começaram em 17 de novembro e devem levar cerca de dois meses. Projeto mostra divisão das casas pré-fabricadas de Rio Bonito do Iguaçu Eduardo Andrade/RPC VÍDEOS: Mais assistidos do g1 Paraná Leia mais notícias no g1 Paraná.

FONTE: https://g1.globo.com/pr/oeste-sudoeste/noticia/2025/12/18/cidade-destruida-tornado-parana-desmatamento.ghtml


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