Caso Lael: promotor do MP diz que processo mistura ética profissional, religião e relações pessoais conturbadas
18/09/2025
(Foto: Reprodução) Caso Lael: Promotor do MP fala sobre segunda audiência do caso
A continuidade da audiência de instrução referente a morte do advogado criminalista de 42 anos, José Lael Rodrigues Júnior, é avaliada pelo promotor do Ministério Público, Rogério Ferreira, como uma oportunidade para que os acusados exerçam o contraditório e a ampla defesa. Lael foi morto a tiros em outubro de 2024. Na ocasião, o filho dele também foi baleado.
O promotor explicou que durante a audiência, que está em andamento do Fórum Gumersindo Bessa, em Aracaju, e a que foi realizada no dia 22 de agosto, estão sendo coletadas as confirmações do que foi relatado na denúncia criminal, com base nas provas reunidas no inquérito policial. A previsão é que audiência continue até a próxima sexta-feira (19) com a oitiva de 19 testemunhas de acusação do caso.
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Seis pessoas estão presas por envolvimento na morte. Saiba quem são eles e as suspeitas sobre cada um. A morte da viúva, a médica Daniele Barreto, que era acusada de ser a mandante do crime, implica na extinção do processo criminal contra ela. No entanto, em relação aos outros réus, o processo, que está em segredo de justiça, continua normalmente.
Ainda segundo o promotor, o processo possui cerca de 5.800 páginas com provas testemunhais e várias confissões. Além de provas documentais através da quebra de sigilo telefônico e fiscal, assim como registros fotográficos.
Advogado José Lael de Souza Rodrigues Júnior e a médica Daniele Barreto
Reprodução/ Redes Sociais/Arquivo
“O processo possui restrições, em razão do segredo de justiça, porque existem muitos elementos de prova que dizem respeito à violação da intimidade, das pessoas envolvidas no fato, seja vítimas, seja em relação aos acusados, e também informações sobre a vida financeira de pessoas envolvidas nessa relação processual”, explicou.
Ainda de acordo com ele, diferente de prestar uma declaração agora depois do fato, onde é possível encaixar um discurso que se isente de responsabilidade penal, é importante destacar que existe prova técnica. “Estamos completamente seguros da responsabilidade penal de cada um das pessoas envolvidas nessa relação processual”.
Caso Lael: audiência de instrução entra no segundo dia de oitiva de testemunhas
Sobre o caso da denúncia de violência contra um dos réus durante a prisão, ele explicou que a situação está apurada pela Polícia Militar. “Não vamos compactuar com qualquer tipo de violência. Veja, se alguém agrediu o acusado por qualquer motivo. Deve ser responsabilizado, mas isso não afasta a responsabilidade penal do acusado porque nós temos muitas provas pré-constituídas em relação a este acusado”.
O promotor disse também que outras audiências serão realizadas para ouvir as testemunhas das defesas dos réus. O MP também tem o direito de solicitar provas. “Ao final, as partes se reúnem para apresentar suas expectativas, alegações finais e, posteriormente, a magistrada decide sobre eventual pronúncia ou não”.
Ferreira definiu o processo do Caso Lael como sendo complexo. “É um processo que mistura ética profissional na advocacia, ética profissional na medicina, religião, relações homoafetivas e relações extraconjugais, tudo misturado com o crime [..] O que eu posso assegurar, com muita tranquilidade, é que este processo é repleto, mas muito repleto de surpresas”, finalizou.
O crime
Advogado José Lael de Souza Rodrigues Junior, de 42 anos
Arquivo Pessoal
O advogado foi assassinado a tiros no dia dia 18 de outubro do ano passado, na Zona Sul de Aracaju, quando dois homens desceram em uma motocicleta dispararam contra o carro em que estava junto com o filho. Ambos foram baleados e socorridos, mas o advogado não resistiu.
Imagens de câmeras de segurança mostram que cerca de 1h30 antes da execução do advogado, a amiga e a secretária da médica são vistas conversando com os suspeitos dentro do carro, e depois são deixadas no condomínio de uma delas.
De acordo com as investigações, o advogado e o filho dele saíram na noite do crime, no dia 18 de outubro, até uma lanchonete para comprar açaí, a pedido da mulher. Daniele Barreto teria informado a localização deles aos executores.
SSP detalha planejamento e execução de advogado criminalista; esposa é suspeita
Após sair de casa, o carro do advogado foi seguido por uma motocicleta e por um carro, que teria sido alugado pela amiga da médica. Ele foi atingido com três tiros e o filho por um. O jovem dirigiu o carro até um hospital particular, mas o pai já estava morto. Ele foi socorrido e sobreviveu.
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