Caças, submarino nuclear e navios de guerra: as armas enviadas pelos EUA para proximidades da Venezuela
17/10/2025
(Foto: Reprodução) Venezuela afirma que vai denunciar EUA na ONU após Trump confirmar operações da CIA
Milhares de militares americanos, além de navios e aeronaves dos EUA, estão atualmente estacionados no Caribe, enquanto cresce a tensão entre Estados Unidos e Venezuela.
Donald Trump confirmou na quarta-feira (15) que autorizou a agência de inteligência CIA a conduzir "operações secretas" dentro da Venezuela — e disse que estava considerando ataques a cartéis de drogas no país.
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Forças dos EUA já realizaram pelo menos cinco ataques a barcos suspeitos de transportar drogas no Caribe, perto da costa venezuelana, nas últimas semanas, matando 27 pessoas.
A Casa Branca afirma estar comandando um esforço para reprimir o narcotráfico na região e acusa o presidente venezuelano Nicolás Maduro de liderar o Cartel de los Soles, grupo classificado como organização narcoterrorista.
O destróier USS Sampson na Cidade do Panamá, Panamá, em 2 de setembro de 2025
Anadolu via Getty Images/BBC
Falando no Salão Oval, na Casa Branca, Trump disse que os EUA "estão analisando operações em terra" enquanto consideram novos ataques na região.
Segundo a CBS News, parceira da BBC nos Estados Unidos, atualmente há cerca de 10.000 soldados americanos posicionados no Caribe, em navios ou em terra em Porto Rico.
A Marinha americana também enviou, desde agosto, ao menos oito navios de guerra e um submarino para as proximidades da Venezuela, de acordo com a imprensa americana.
O destróier USS Sampson, o navio de assalto anfíbio USS Iwo Jima e o destróier de mísseis guiados USS Gravely foram localizados na região.
Em setembro, Trump, ordenou o envio de 10 jatos F-35 para Porto Rico. Os caças têm mais de 10 metros de envergadura e podem alcançar uma velocidade máxima de aproximadamente 1953 km/h em altitude.
O submarino de propulsão nuclear USS Newport News e o cruzador de mísseis guiados USS Erie também foram enviados pelos EUA na mesma época.
Ainda foram divulgadas informações sobre aeronaves de reconhecimento P-8 dos EUA no Caribe.
O destróier de mísseis guiados USS Gravely da Marinha dos EUA atracado em Porto Rico em 11 de setembro de 2025
Getty Images/BBC
Escalada entre EUA e Venezuela
O aumento da capacidade militar americano no Caribe acontece em um momento de escalada entre Estados Unidos e Venezuela.
Trump fez da luta contra o tráfico de drogas uma prioridade e, em julho, assinou uma diretriz secreta para permitir que as forças armadas dos EUA atacassem os cartéis de drogas latino-americanos que ele define como grupos "terroristas".
No mesmo mês, Washington estabeleceu que há uma organização "terrorista" na Venezuela chamada Cartel de los Soles, chefiada por Maduro e outras autoridades venezuelanas de alto escalão, conectada a outros grupos descritos da mesma forma, como o Tren de Aragua e o Cartel de Sinaloa.
No início de agosto, o governo Trump aumentou para US$ 50 milhões sua recompensa por informações que levem à captura de Maduro.
Em um memorando vazado e enviado recentemente a parlamentares americanos, o governo Trump afirmou ter determinado seu envolvimento em um "conflito armado não internacional" com organizações de narcotráfico.
No ataque mais recente dos EUA, na terça-feira (14), seis pessoas foram mortas quando um barco foi alvo próximo à costa venezuelana.
Na rede Truth Social, Trump afirmou que "a inteligência confirmou que a embarcação estava traficando narcóticos, estava associada a redes narcoterroristas ilícitas e transitava por um corredor conhecido de tráfico de drogas."
Como ocorreu em ataques anteriores, autoridades dos EUA não especificaram qual organização de tráfico de drogas acreditavam estar operando o barco, nem quem eram as pessoas a bordo.
Um jato F-35A durante uma missão de treinamento em 2016
Bloomberg via Getty Images/BBC
Nesta quarta (15), Trump confirmou que autorizou a agência de inteligência CIA a conduzir "operações secretas" dentro da Venezuela
De acordo com o jornal The New York Times, a autorização de Trump permitiria que a CIA realize operações de forma unilateral ou como parte de qualquer atividade militar mais ampla dos EUA.
Ainda não se sabe se a CIA está planejando operações na Venezuela, ou se esses planos estão sendo mantidos apenas como contingência.
Falando com repórteres no Salão Oval, ao lado do diretor do FBI, Kash Patel, e da procuradora-geral, Pam Bondi, Trump foi questionado sobre a reportagem do New York Times.
"Autorizei por duas razões, na verdade", disse ele. "Número um: eles [Venezuela] esvaziaram suas prisões e enviaram [os presos] para os EUA."
Ele acrescentou: "E a outra coisa são as drogas. Recebemos muitas drogas vindo da Venezuela, e grande parte das drogas venezuelanas entram pelo mar, então você precisa ver isso, mas também vamos detê-las pela terra."
O presidente se recusou a responder quando perguntado se a autorização à CIA permitiria à agência derrubar Maduro.
(Com reportagem de Ione Wells e Bernd Debusmann Jr, da BBC News)